Os investigadores do MARE Sónia Seixas e João Pequeno marcaram presença na World Ocean Summit Europe, que decorreu no passado dia 9 de setembro em Cascais. Organizada pelo The Economist, esta conferência contou com 57 oradores e mais de 300 delegados inscritos em 24 sessões ao longo do dia.
A investigadora Sónia Seixas participou na conferência em representação do MARE e da Universidade Aberta, onde é docente desde 1995.
Já João Pequeno lançou um desafio claro a decisores e indústrias: abandonar as promessas voluntárias e tornar a circularidade mensurável e vinculativa. No painel "Catalysing circularity and compliance to curb Europe's ocean plastics crisis" (moderado por Dominic Ziegler, editor da The Economist), com a participação da Dr.ª Xenia Loizidou (ISOTECH) e de Fahrana Lubis (Oceva Indonesia), o investigador e voluntário da Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APLM) destacou quatro prioridades: regras obrigatórias de ecodesign e exigência de conteúdo reciclado em produtos; limites ou reduções ("phase-down") da produção de plásticos quando apropriado; um regime de responsabilização alargada do produtor (EPR) que funcione de facto e vá para além do marketing e do greenwashing; e uma monitorização harmonizada, contínua e independente das fugas e dos impactes da poluição por plásticos nos ecossistemas marinhos.
João Pequeno advertiu ainda para a necessidade de cautela relativamente aos bioplásticos e materiais "biodegradáveis": as inovações só trazem benefícios reais se forem validadas de forma independente ao longo de todo o ciclo de vida - incluindo impactes de aditivos químicos e a fragmentação em micro- e nano-plásticos - e se comprovarem degradação nas condições locais de gestão de resíduos. Caso contrário, podem transformar-se em "novos plásticos" com novos problemas.
Sobre o enquadramento global, sublinhou que a Europa não deve esperar passivamente pelo Tratado Global dos Plásticos da ONU, cuja ambição e eficácia são, na sua opinião, incertas, sendo necessário avançar já com medidas regionais e nacionais robustas. "É urgente tornar a circularidade vinculativa, acompanhada de sistemas de financiamento e de gestão de resíduos adequados, que, no fim, resultem em menos plástico no ambiente", concluiu.