Do castanho ao azul: a cor do mar em destaque na plataforma do Estudo Autónomo

Vanda Brotas, investigadora do MARE/ARNET e professora em Ciências ULisboa, participou no mais recente webinário promovido pelo Estudo Autónomo e pela Escola Azul. O webinário “Que cores se escondem no Mar” contou com 227 participantes, entre os quais 173 alunos de 2º e 3º ciclos, que se reuniram para descobrir por que razão o mar pode ter várias cores. 

Para tal, ao longo da sessão, Vanda Brotas alternou a explicação de conceitos científicos com a apresentação do livro A Menina Que Via o Mar de Várias Cores, um livro da sua autoria. “Gosto de arranjar uma história para explicar assuntos científicos”, referiu, acrescentando que os seus livros nasceram da vontade de aproximar os mais novos da ciência e de promover a literacia científica.

A investigadora começou por explicar a forma como a cor do mar é influenciada pelos componentes presentes na água, desde partículas de sedimentos que tornam a água mais acastanhada até microalgas capazes de lhe conferir tonalidades esverdeadas ou até avermelhadas. Para ilustrar estes fenómenos, mostrou imagens de zonas costeiras portuguesas, contrastando os tons azulados das águas dos Açores com as cores mais escuras e castanhas típicas das áreas influenciadas por grandes rios, como o Tejo.

O papel do fitoplâncton na produção de oxigénio e no equilíbrio dos ecossistemas foi uma das mensagens-chave que Vanda Brotas transmitiu aos alunos. Estes organismos, invisíveis a olho nu, são a base da cadeia alimentar marinha. “Através da fotossíntese, o fitoplâncton produz tanto oxigénio como todas as plantas terrestres. Portanto, por cada duas inspirações que fazemos, podemos dizer que numa o oxigénio vem do mar e noutra o oxigénio vem das plantas terrestres”, explicou.

Monitorizar as quantidades de fitoplâncton no oceano torna-se, por isso, relevante e os satélites são uma ferramenta fundamental. Orbitando continuamente o planeta, permitem identificar variações de cor associadas à presença de microalgas, sinais que são posteriormente traduzidos em concentração de células. Ainda assim, a investigadora sublinhou que a informação obtida a partir do espaço precisa de ser validada no terreno. O que mais a fascina neste processo, afirmou, é a dicotomia entre visível e invisível: “é invisível quando estamos a um metro de distância e visível, pelos satélites, a 800 quilómetros”.

Na sessão de perguntas que se seguiu, moderada por dois alunos da Escola EB2,3 Dr. João das Regras, a investigadora reforçou a importância da ciência cidadã e salientou que as escolas podem ter um papel ativo na recolha de informação, contribuindo para uma melhor compreensão de fenómenos como as invasões de macroalgas, um problema que as praias portuguesas têm enfrentado nos últimos anos. A sessão terminou com uma mensagem de esperança: “eu acho que vamos dar a volta às questões que nos afligem no planeta e, por isso, a cor que melhor representa o estado atual do oceano ainda é o azul”.

O webinário está disponível na plataforma do Estudo Autónomo e integra o ebook Um oceano que nos liga, que foi lançado no dia 16 de novembro, o Dia Nacional do Mar, e que inclui vários webinários dinamizados por investigadores do MARE.

 

Texto de Joana Cardoso