Investigadores do MARE debatem projeto PLAnT na Sociedade de Geografia de Lisboa

Investigadores do MARE participam, a convite da Sociedade de Geografia de Lisboa, numa conferência do Seminário do Mar dedicada ao projeto PLAnT: Planeamento do Uso Sustentável do Oceano na Antártida. 

No dia 27 de outubro, a Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL) acolheu mais uma sessão do Seminário do Mar, desta vez dedicada ao projeto PLAnT: Planeamento do Uso Sustentável do Oceano na Antártida, e que contou com a presença dos investigadores Catarina Pereira Santos e Francisco Oliveira Borges (MARE/ARNET, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) e com a moderação de Ricardo Melo (MARE/ARNET, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa). A sessão decorreu em formato híbrido e integrou-se no 6º ciclo de conferências do Seminário do Mar, uma iniciativa organizada pela Secção de Geografia dos Oceanos da SGL, com enfoque na Estratégia, Ciência e Sustentabilidade.

Francisco Oliveira Borges começou por sublinhar a importância do ordenamento do espaço marítimo (OEM), comparando-o à organização da nossa própria casa: “Deve haver um mapeamento que maximize não só as oportunidades e os benefícios para todos os utilizadores da casa, mas que também garanta a conservação dos recursos existentes, de forma a termos uma casa saudável a curto e longo prazo”. O investigador prosseguiu com um alerta: existem mais de 120 países com processos de OEM a decorrer, o que abrange praticamente todas as regiões do oceano, à exceção de uma – a Antártida. A Antártida e o Oceano do Sul são uma região-chave para a regulação da saúde do oceano e para a regulação climática, explicou, relembrando que “o que acontece numa zona do globo poderá ter impactos noutras”. 

Coube a Catarina Pereira Santos apresentar a visão global do projeto PLAnT. “O PLAnT é o brainchild da professora Catarina Frazão Santos, pioneira em unir o ordenamento do espaço marítimo com a necessidade de adaptação às alterações climáticas”, sublinhou. Os planos de OEM não devem ser estáticos; devem integrar as projeções futuras de alterações do clima, mudanças na distribuição de espécies e alterações nas potenciais prioridades dos usos humanos. O projeto, que começou em 2024 e terá a duração de 5 anos, é apontado pela investigadora como um verdadeiro caso de estudo, pois pretende não só estudar pela primeira vez a integração do clima no OEM, mas também estudar a aplicabilidade do OEM num contexto internacional.

A investigadora apresentou, de forma resumida, as várias fases do projeto. Numa fase inicial, será realizada a caracterização do sistema da Antártida, seguida de uma projeção do que poderá acontecer no futuro. Só depois se avançará para o planeamento de medidas e soluções, que terão em conta a caracterização e as projeções realizadas. Será ainda realizada uma análise do processo de governança da região e, por fim, a transferência do conhecimento adquirido neste caso de estudo para outras regiões do planeta. Apesar de se usar a Antártida como caso de estudo, explicou, pretende-se aplicar as suas conclusões noutras áreas do oceano sem jurisdição nacional, pois “precisamos de conservar para além das nossas águas”.

Antes de dar início ao debate na sala, Ricardo Melo salientou a importância de iniciativas como esta para a sociedade, realçando que, hoje em dia, a ciência que é preciso fazer é aquela que seja colaborativa e multidisciplinar, como no caso do PLAnT. Seguiu-se um debate dinâmico, no qual um dos temas que mais ecoou na sala foi a dimensão do projeto e os desafios de o desenvolver em apenas cinco anos. A verdade é que “o planeamento do espaço marítimo nunca acaba já que o tempo nunca para de correr”, afirmou Francisco Borges, reforçando que o OEM deve ser entendido como um processo contínuo e adaptativo, capaz de responder às rápidas mudanças ambientais e sociais.

Para fechar a conferência, o C/Alm. José Bastos Saldanha, Presidente da Secção de Geografia dos Oceanos da SGL, sublinhou que a ciência só cumpre o seu papel quando é comunicada e acompanhada de perto pela sociedade e incentivou os investigadores a darem visibilidade ao desenvolvimento do projeto e aos resultados que dele forem surgindo. Encerrou, por fim, a sessão oferecendo aos investigadores do MARE uma medalha comemorativa do Dia Nacional do Mar de 2008, cujo lema fora “Oceano, Conhecimento e Cidadania” e que resume bem a mensagem que o presidente da Secção de Geografia dos Oceanos fez questão de salientar.

 

Texto de Joana Cardoso