A investigadora do MARE Catarina Frazão Santos, foi a protagonista da mais recente entrevista da série "Investigadores pela Natureza", promovida pela revista Wilder. Nesta conversa, Catarina partilha o seu percurso académico e profissional, os desafios da ciência interdisciplinar e a importância de integrar as alterações climáticas na gestão do espaço marinho.
Com um percurso inicial dividido entre as artes e as ciências, foi a paixão pelo mar que a levou a escolher a Biologia. Ao longo da sua formação e investigação, descobriu a área da gestão ambiental e o seu potencial para ligar a ciência à sociedade. O seu trabalho tem-se centrado na forma como as alterações climáticas afetam os ecossistemas marinhos e como esses impactos podem — e devem — ser integrados nas políticas públicas e no ordenamento do espaço marinho.
Após o doutoramento, Catarina liderou projetos pioneiros como o OCEANPLAN, financiado pela FCT, que procurou explorar as interligações entre o planeamento do uso do mar e as alterações climáticas. O projeto teve grande impacto internacional, contribuindo para o reconhecimento, por parte da UNESCO e da Comissão Europeia, do chamado “Ordenamento do Espaço Marinho Inteligente do ponto de vista climático” como uma prioridade estratégica global.
Atualmente, Catarina coordena o projeto PLAnT, financiado pelo European Research Council (ERC), que tem como objetivo aplicar os princípios do ordenamento marinho climático ao Oceano Antártico — uma região particularmente vulnerável às alterações climáticas e com um modelo de governança único a nível internacional. O projeto procura demonstrar como o planeamento integrado pode contribuir para a conservação e uso sustentável do oceano a nível global.
A investigadora destaca ainda a importância da interdisciplinaridade e da literacia oceânica, não apenas entre o público em geral, mas também junto de decisores, setores económicos e gestores. “Quando fazemos gestão ambiental, na verdade não estamos a gerir o ecossistema, estamos a gerir comportamentos humanos sobre esse ecossistema. Portanto, o que fazemos é mudar a forma como nós, seres humanos, nos relacionamos com esse ambiente”, afirma.
No final da entrevista, deixa uma mensagem inspiradora aos jovens investigadores: É fundamental tentar, mesmo quando achamos que não somos suficientemente bons. O fracasso faz parte. O importante é continuar a procurar soluções.
A entrevista completa pode ser lida na Wilder AQUI