Sónia Seixas no programa Biosfera

A investigadora Sónia Seixas participou no mais recente episódio do programa “Biosfera”, da RTP, dedicado ao tema “Corais, Tesouros do Oceano”. O episódio aborda a importância e a fragilidade destes organismos marinhos, lembrando que até 2050 o mundo poderá perder até 90% das comunidades coralinas, tornando os recifes os ecossistemas mais vulneráveis do planeta. 

Os corais de águas frias que existem na maior parte da plataforma continental portuguesa não têm a relação simbiótica com algas como os corais tropicais de águas rasas. “Eles vivem a mais profundidade porque não dependem da luz. Vivem inclusivamente em zonas de penumbra, a chamada muitas vezes Twilight zone.”, explicou a investigadora do MARE

Entre os exemplos apresentados, a investigadora destacou o coral vermelho, que ocorre na costa algarvia, ao largo de Sagres e Lagos, e que é tradicionalmente usado para a criação de joias e objetos ornamentais. “Esse de facto começou a desaparecer”, alertou.

Outro destaque foi dado à espécie Dendrophyllia ramea, conhecida como “o único coral que cheira a Anis” existente na costa portuguesa. Esta espécie, começa a aparecer entre os 30 e os 40 metros de profundidade e tem sido objeto de descobertas preocupantes. Em locais como Cascais e Sines, observou-se que estes corais estão a incorporar lixo marinho, como redes de pesca, no seu esqueleto. “Como os corais têm um crescimento muito lento, isto tem de ser redes que já foram deixadas há muitos anos no mar. E pensando que as redes de pesca estão a aumentar no mar, este caso torna-se muito preocupante”, afirmou.

A investigadora sublinhou ainda a importância da sensibilização e da educação ambiental junto das comunidades piscatórias. “Nós estamos a tentar ver se fazemos alguns projetos de educação, de modo que eles, quando partem para tirar da rede, os deitem novamente à água para ver se eles pelo menos têm alguma recuperação”, explicou, acrescentando que, dependendo da forma como caem, parte dos corais pode sobreviver e continuar a alimentar-se das partículas orgânicas que caem nas zonas profundas do oceano.

Apesar dos desafios, Sónia Seixas fez questão de frisar que não se trata de uma oposição à pesca, mas sim de uma defesa de práticas sustentáveis: “Nós não estamos contra a pesca de maneira nenhuma. O que queremos é que a pesca seja feita de uma forma sustentável, que permita que os pescadores e nós continuemos a comer o peixe dos oceanos, e que o oceano seja autossuficiente e saudável.”

A participação da investigadora no programa reforça o alerta para a urgência de medidas de proteção dos ecossistemas marinhos, numa altura em que a humanidade parece estar numa verdadeira corrida contra o tempo para salvar os recifes de coral.

 

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