A mais recente edição da revista Nature, na seção Correspondence, destaca a importância de proteger espécies migradoras marinhas como elemento central para manter a conectividade ecológica entre ambientes terrestres e marinhos. Um dos autores da publicação é Pedro Raposo de Almeida, diretor do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.
O texto, intitulado “Conserve marine migratory species to protect ecological links between land and sea”, defende que a preservação de peixes, aves e mamíferos marinhos migradores é essencial para manter a saúde e a produtividade dos habitats que conectam oceanos e continentes.
Durante a terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, realizada em junho, os Estados-membros da ONU se comprometeram a reduzir a poluição fluvial que chega aos mares. No entanto, segundo os autores da publicação, o debate ignorou uma dimensão vital dessa interconexão: os animais migratórios que atravessam rotas entre rios, oceanos e áreas terrestres.
Espécies como salmões, albatrozes, focas e enguias não só cruzam fronteiras entre ambientes, mas desempenham funções ecológicas fundamentais. «Estas espécies são fundamentais para a biodiversidade, produtividade e resiliência dos habitats que atravessam. O salmão, as focas e os albatrozes, por exemplo, transportam nutrientes essenciais do oceano para o interior. As enguias crescem em água doce antes de migrarem para o mar para se reproduzirem e morrerem, fertilizando as áreas costeiras.»
Contudo, muitas destas espécies enfrentam risco crescente de extinção. Para os autores, é urgente uma abordagem coordenada, internacional e intersetorial, que proteja todos os habitats e rotas migradoras envolvidos. “O risco de extinção está a aumentar para as espécies migradoras. São necessários esforços coordenados de conservação entre setores e países, abrangendo todos os habitats e rotas migradoras dessas espécies” referem os autores. “Os futuros acordos intergovernamentais sobre os oceanos devem reconhecer este ponto e a necessidade de mais investigação e ação em todos os aspetos da conectividade terra-mar”, concluem.
Este contributo de Pedro Raposo de Almeida reforça a relevância da investigação portuguesa no cenário científico internacional, ao sublinhar a necessidade de integrar as espécies migradoras nos esforços globais de conservação marinha.
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