Pedro R. Almeida no Primeiro Jornal - Pescadores e Ambientalistas contestam a construção da ponte-açude em Aveiro

Falada há quase 2o anos, a obra que dará origem à ponte-açude do Rio Novo do Príncipe, iniciou-se em junho no ano passado. A construção tem como objetivo impedir que a água salgada da Ria de Aveiro invada os campos agrícolas do baixo Vouga lagunar. Em causa, estão espécies como a enguia, o sável ou a lampreia, e o sustento dos pescadores que se dedicam à sua pesca.

Em entrevista à SIC, o diretor e investigador do MARE Pedro Raposo de Almeida, explica que a construção ao bloquear estas águas "vai impedir o acesso das espécies migradoras diádromas às áreas de reprodução que nós estivemos a restaurar. Isso pode implicar o desaparecimento destas espécies no Vouga".

Desde 2018 que o projeto Life Águeda, no qual o MARE está envolvido, se dedica ao restauro do habitat de várias espécies de peixes, intervindo nesta região. Este projeto, com um financiamento europeu de 3.3 milhões de euros, fica em risco com a construção da ponte açude. "[A comissão europeia] com certeza não vai ficar satisfeita com a solução que viemos encontrar, se não for construída uma passagem de peixes eficiente" referiu Pedro R. Almeida.

A CIRA- Comunidade Intermunicipal da região de Aveiro, responsável pela obra, garante que o funcionamento hidráulico das comportas vai respeitar os períodos de migração das espécies, e que serão abertas quando necessário. Para além disto, a Agência Portuguesa do Ambiente afirma que se pretende realizar um estudo, que tem de ser entregue até 6 meses antes de terminar a obra do açude. 

Pescadores e Ambientalistas encontram-se descontentes com estas medidas: "Porque é que se avançou com a obra, e agora se diz que 6 meses antes da obra concluída, uma obra que leva 2 anos a concluir e custa 11 milhões de euros, vai-se apresentar um estudo, onde se demonstra ou não que os peixes regressam [ao Rio Vouga]", questiona Pedro R. Almeida. Deste modo, é feito um apelo para a realização de um novo estudo, atualizado e em substituição do de 2003 que deu luz verde à obra, e que se refaça o projeto para incluir uma passagem para peixes, de modo a garantir a conservação das espécies migradoras.

 

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