O MARE tem o prazer de anunciar a publicação do novo Policy Brief intitulado "Contributos para a Conservação da Enguia-Europeia (Anguilla anguilla) e Gestão de Ecossistemas de Água Doce na Madeira", que apresenta uma análise crítica dos desafios e soluções para a preservação da biodiversidade aquática no arquipélago da Madeira. 
Este Policy Brief é o resultado de uma colaboração entre os investigadores Inês Órfão, Patrício Ramalhosa, Soledad Álvarez, Filipe Ribeiro, Ricardo Rocha, Isabel Domingos e João Canning-Clode, com base em quatro publicações científicas.
Os ecossistemas de água doce da Madeira, que são notoriamente vulneráveis e pouco estudados, são fundamentais para a conservação desta espécie. As ribeiras, interligadas pelas levadas e atravessadas por açudes, apresentam troços relativamente prístinos, mas enfrentam graves desafios devido à degradação dos habitats, à pressão piscatória e aos obstáculos que dificultam a migração da enguia. A introdução de espécies invasoras, como a Gambusia holbroki e o caracol-aquático-neozelandês (Potamopyrgus antipodarum), agrava ainda mais os riscos para os ecossistemas locais.
Principais consequências e recomendações
A concentração de enguias em zonas com maior presença humana pode afetar diretamente a sua sobrevivência, o seu sucesso reprodutivo e a sua condição física. O aumento da competição por alimento e a exposição à água de má qualidade são fatores críticos que exigem uma intervenção imediata. As espécies invasoras, como a Gambusia e o caracol-aquático-neozelandês, comprometem a biodiversidade local e a qualidade ecológica da água.
Com base nos resultados do estudo, os autores do Policy Brief propõem três recomendações-chave para mitigar os impactos negativos e garantir a conservação da enguia-europeia:
1) Reforçar os mecanismos de gestão da enguia nas ribeiras, desenvolvendo um plano de gestão adaptado à realidade regional, que inclua mecanismos de regulamentação e fiscalização das atividades que possam afetar a viabilidade da enguia europeia e a integridade dos habitats aquáticos;
2) Monitorizar e prevenir a introdução de espécies não indígenas: criar protocolos para a deteção e controlo de espécies não indígenas, como a gambúsia e o caracol-aquático-neozelandês, e avaliar o impacto destas espécies nos ecossistemas de água doce da Madeira;
3) Promover a resiliência dos ecossistemas naturais, caracterizando as ribeiras da Madeira de forma abrangente e identificando áreas prioritárias para ações de preservação e restauração, incluindo a remoção de obstáculos e a criação de passagens que facilitem a migração da enguia.
Este Policy Brief é uma contribuição importante para o desenvolvimento de estratégias de gestão e conservação dos ecossistemas de água doce do arquipélago, tendo em conta a importância da Madeira no esforço global de preservação da enguia-europeia.
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Texto de Patrícia Carvalho