O projeto em restauro marinho arranca na Madeira: MARE participa em projeto de 8 milhões de euros

Vai arrancar na próxima semana na Madeira, o novo projeto europeu que pretende estudar, testar e optimizar métodos e ferramentas para o restauro de habitats marinhos.

 

O MARE-Madeira acolherá o kickoff meeting do projeto - “CLIMAREST: Ferramentas de Resiliência Climática Costeira e Restauro Marinho para a bacia do Atlântico Ártico”. A primeira reunião do consórcio será nos dias 10 e 11 de Janeiro, no Hotel Meliá Madeira Mare, e contará com a presença do Presidente do Governo Regional da Madeira, Dr. Miguel Albuquerque.

 

“Como muitas vezes acontece, recebi um primeiro contacto através de uma colega de um anterior projeto europeu do programa Horizon 2020, nomeadamente o projeto GoJelly. Tratou-se de um projeto com muito sucesso e que deu oportunidade ao MARE-Madeira de se "sentar à mesa dos grandes” começa por contar o Investigador Responsável pela participação do MARE no projeto CLIMAREST, João Canning-Clode.

 

Este projeto financiado ao abrigo do programa HORIZON-EUROPE e que arrancou oficialmente a 1 de dezembro de 2022, conta com mais de 8 milhões de euros previstos para apresentar soluções, suficientemente flexíveis, para diversos habitats em perigo: desde fiordes ameaçados pelas alterações climáticas no Ártico até fundos rochosos com algas no arquipélago da Madeira, durante três anos.

 

A Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação (ARDITI) e que é a entidade de gestão do MARE-Madeira, gere dez por cento do orçamento total. São cerca de 800 mil euros que permitem à equipa do MARE-Madeira trabalhar no desenvolvimento de soluções de restauro de habitats costeiros, bem como tirar partido de novas ferramentas digitais, como as aplicações móveis e a realidade virtual.

 

Composto por 16 parceiros de Portugal, Itália, Espanha, Islândia, França, Noruega e Dinamarca, o consórcio reúne peritos de diversas áreas, desde a ecologia marinha à economia azul, para desenvolver um kit de ferramentas abrangente que permita definir e implementar práticas de restauro e reabilitação adequadas a diferentes habitats marinhos.

 

Um dos desafios do CLIMAREST será integrar informação científica e dados relativos à ecologia de diferentes habitats, bem como dados relativos às múltiplas pressões antropogénicas e naturais. “Creio que a mais valia é a interdisciplinaridade do projeto com uma série de grupos de vários países a atuar em vários habitats. Outra originalidade é a existência de "demonstration sites" e "replication sites”. No caso da Madeira, seremos um demonstration site no habitat de recifes rochosos. Os nossos resultados serão depois aplicados e replicados no Chipre, que será o “replication site”, explica o investigador.

 

No total, o projeto terá cinco locais de demonstração: os fiordes Árticos na Noruega, recifes de ostras em França, pradarias marinhas na Irlanda, fundos arenosos afetados por aquacultura em Espanha e substratos rochosos com perda de algas na Madeira. Após o desenvolvimento de um conjunto de ferramentas de avaliação comum que permita apresentar soluções para todos os habitats selecionados, virá o restauro dos diferentes habitats selecionados e a mitigação dos impactos das atividades humanas e das alterações climáticas. Soluções que poderão mais tarde ser replicadas noutros locais geográficos com habitats semelhantes.

 

Conclui o investigador que “o MARE-Madeira tem feito um esforço muito grande nos últimos anos em obter financiamento europeu, principalmente indo a jogo em candidaturas do programa Horizon Europe. Só em 2022 o MARE-Madeira integrou cinco candidaturas Horizon Europe, tendo sido aprovadas duas, uma delas este projeto CLIMAREST! Com toda a sinceridade, esta candidatura teve um sabor especial uma vez que foi escrita durante a pandemia. Recordo-me de fazermos muitas reuniões Zoom com a coordenadora, que estava em casa com Covid e com duas crianças muito pequenas!"