MARE integra projeto europeu inovador para “ouvir” e proteger o oceano

Cinco instituições portuguesas, entre elas o MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, integram o SEAMPHONI, um ambicioso projeto europeu que junta ciência, tecnologia e arte para proteger ecossistemas marinhos remotos, através da criação de um gémeo digital do oceano. 

Financiado pela União Europeia através do programa Horizon Europe, o SEAMPHONI propõe soluções inovadoras de monitorização e compreensão do oceano profundo, com o objetivo de tornar acessíveis e visíveis zonas muitas vezes esquecidas, além das águas territoriais.

A partir da Madeira, o MARE, em colaboração com a ARDITI e a Universidade da Madeira, lidera a componente de monitorização da biodiversidade em seis áreas-piloto: Madeira, Mar de Wadden, Mediterrâneo, Turquia, Ilha da Reunião e Islândia.
“Vamos testar soluções tecnológicas que nos permitem aceder, com mais precisão e em alguns casos menos custos, a zonas do oceano que até agora eram praticamente inacessíveis”, afirma João Canning-Clode, investigador do MARE. “Este é um passo crucial para compreender e proteger melhor essas áreas e que em muito contribuirá para a meta global dos 30% protegido até 2030”.

O projeto irá integrar dados acústicos, imagens e ADN ambiental (eDNA), permitindo “ouvir, ver e compreender o oceano invisível”, segundo a WWF Portugal, que, a par da Fundação EurOcean, assegura a tradução científica dos resultados para a sociedade e para as políticas públicas.

Com esta abordagem multidisciplinar, o SEAMPHONI visa influenciar decisões políticas e aumentar a representatividade das áreas marinhas remotas nas estratégias de conservação.

Este avanço surge num momento de renovado foco político sobre a sustentabilidade: na sexta-feira, a Comissão Europeia aprovou um pacote de simplificação da taxonomia verde, aliviando obrigações de reporte para empresas e procurando equilibrar ambição ambiental com competitividade económica. A nova regulamentação entra em vigor em 2026.

Enquanto se desenham novos instrumentos financeiros e regulamentares para uma economia mais sustentável, projetos como o SEAMPHONI demonstram que a ciência portuguesa está na linha da frente da conservação marinha global.

 

Fotografia de JMonteiro