"You're traveling through another dimension, a dimension not only of sight and sound but of mind. (...) It is a dimension as vast as space and as timeless as infinity. It is the middle ground between light and shadow, between science and superstition, and it lies between the pit of man's fears and the summit of his knowledge."
- É a introdução da série de 1959 The Twilight Zone (A Quinta Dimensão, em português) mas podia também ser o ponto de partida de uma comunicação dos investigadores do MARE, Unidade Regional de Investigação da Madeira, cujo projeto "TWILIGHTED - Laboratório Twinning para um Centro Inovador e Global Para Explorar as Profundezas" foi recomendado para financiamento da Comissão Europeia no âmbito do programa Horizonte Europa.
"Estamos muito entusiasmados por trabalhar com os nossos parceiros da GEOMAR Helmholtz Center for Ocean Research Kiel e da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega ao longo dos próximos 3 anos para adquirir conhecimento especializado, sermos criativos e despertar mais entusiasmo pela investigação em mar profundo em Portugal."
A "Twilight Zone" oceânica, zona crepuscular em português, é a zona do oceano que se situa entre os 200 e os 1.000 metros abaixo da superfície do oceano. Nesta zona, a luz solar que penetra é tão mínima (entre 1% e 0%, dependendo da profundidade) que não permite a ocorrência de fotossíntese, e a pressão sentida seria como ter um elefante a dormir-lhe em cima. Também conhecida como zona média ou mesopelágica, a zona crepuscular é fria e praticamente escura, mas a ausência de luz solar dá palco à bioluminescência de alguns dos organismos vivos aí existentes. Lulas gigantes e peixes assustadores de dentes afiados e luzinhas de isco preenchem há muitos anos o imaginário desta quinta dimensão bem assente na realidade.
A Twilight Zone oceânica é ainda muito desconhecida, embora ROVs e novas tecnologias tenham vindo a permitir a sua exploração, apesar dos custos elevados associados. Facto pelo qual esta recomendação de financiamento é tão importante, e representa um grande avanço nos esforços do MARE e da região insular para expandir a investigação em mar profundo na Madeira.
A notícia coincide com o início da maior expedição ao mar profundo ao largo da ilha da Madeira, que se inicia a 9 de fevereiro, a expedição "JellyWeb", e que durará cerca de um mês.
O investigador MARE João Canning-Clode, coordenará os trabalhos na Região, cuja investigação incide nas áreas da biologia e ecologia marinha, especificamente nas cadeias alimentares oceânicas e o papel do zooplâncton gelatinoso. A expedição "JellyWeb" conta com a coordenação do GEOMAR Helmholtz Center for Ocean Research Kiel, da Alemanha e com a parceria do MARE-Madeira/ARDITI, do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian Institution , dos EUA, da Universidade do Sul da Dinamarca e da Universidade de Hamburgo, na Alemanha.