Entrevista especial: projeto O Oceano do (meu) futuro

Na sequência da call que abriu o ano passado dedicada à Literacia do Oceano, o MARE conseguiu quatro projetos financiados pelo EEA Grants. O projeto O Oceano do (meu) futuro é um deles e nesta entrevista a investigadora do projeto Ana Carvalho explica o mesmo.

 

Em que consiste o projeto? Qual é a ideia-chave e o público-alvo do projeto?

O projeto O Oceano do (meu) futuro promovido, conjuntamente, pela Fórum Oceano, FCUL (Mare Startup/MARE), Colégio Valsassina e GCE – Ocean Technology, visa sensibilizar os estudantes do ensino secundário, nomeadamente do 12ºano, para os diferentes setores da economia azul, em fase de escolha decisiva da sua vocação, transmitindo também uma visão das (suas) possíveis futuras “Carreiras Azuis”, nas áreas de: i) aquicultura e indústria pesqueira; ii) biotecnologia azul; iii) tecnologia marítima; iv) desportos náuticos; v) meio marinho, sustentabilidade e biodiversidade e vi) ciências sociais (políticas públicas, economia e direito). Assim, serão inseridas estas temáticas em contexto curricular, acompanhadas pelos docentes do Colégio Valsassina e especialistas convidados para sessões específicas sobre cada um dos temas, experiências práticas e visitas de estudo. Simultaneamente, serão estimulados à conceção de ideias/projetos concretos nas diferentes áreas, acompanhados por tutores designados em função das temáticas, estimulando o empreendedorismo, com uma fase final em formato HACKATON e atribuindo um prémio ao que for considerado o melhor projeto/ideia.

 

Como surgiu a ideia para este projeto?

Surgiu da reflexão entre os diversos parceiros da Mare Startup, escolas e Câmara Municipal de Lisboa, constatando a deficiência curricular no ensino do 1º ao 3º ciclo da temática mar e, sobretudo do esclarecimento, das oportunidades que as novas “carreiras azuis” podem oferecer em termos de futuro profissional atrativo e compensador.

 

De que forma vai este projeto ao encontro da Literacia do Oceano?

Para tornar operacional o conceito e os princípios gerais da Literacia Oceânica, com aplicabilidade direta na vida de cada cidadão, é necessário, mais do que sensibilizar a sociedade aos princípios gerais, incentivar todos os cidadãos e partes interessadas, assumir atitudes informadas e responsáveis sobre o Oceano e os seus recursos. Para o efeito, é essencial que, os jovens estudantes, numa idade crítica, sejam dotados dos conhecimentos e sensibilizados para a utilização sustentável dos recursos marinhos, identificando as suas oportunidades futuras, onde cada um e todos podem fazer a diferença, com as suas opções e atitudes.

 

E de que forma contribui para a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável da UNESCO (UNESCO Ocean Decade)?

O projeto está focado na promoção da Literacia Oceânica aos jovens estudantes, desenvolvendo competências de Literacia Oceânica, levando-os a um conhecimento mais profundo e a uma nova perceção das oportunidades profissionais que o Oceano detém; ao mesmo tempo, pretende sensibilizar para as mudanças comportamentais que tornarão mais fácil responder aos desafios de sustentabilidade do Oceano, levando os estudantes a apropriarem-se das questões e a tomarem consciência do seu papel na mitigação e promoção da utilização sustentável dos recursos oceânicos, contribuindo assim para os objetivos dos ODS, nomeadamente o ODS 14, bem como as relações deste com os objetivos dos ODS.

 

Qual é a característica mais diferenciadora deste projeto?

A consciência do Oceano como património mundial da humanidade a preservar, deve ser estrutural numa geração, pois é decisiva para a batalha global da sustentabilidade no planeta Terra. Simultaneamente, o objetivo desejado do Crescimento Azul carece de uma nova abordagem empresarial, de novas ciências e de novas tecnologias em sectores estratégicos, desde as energias renováveis à biotecnologia azul e, este objetivo, exige: o espírito de inovação como empreendimento para uma geração. Assim, mostrar aos jovens uma visão de oportunidade futura de “fazer o que ainda não foi feito” no "Novo Azul", ao mesmo tempo que se transmitem as competências, contribuirá para termos capital humano literato no Oceano.

 

Qual é o maior desafio deste projeto?

Construir um projeto piloto, que possa ser replicado à escala regional e nacional, através de parcerias adequadas a cada escala.

 

O que querem efetivamente comunicar com o projeto? Quais os resultados mais relevantes que pretendem atingir com o projeto?

Pretende-se que, integrado num contexto curricular, entendendo a escola como um laboratório para a realidade, se introduzam experiências inovadoras numa área estratégica, o Mar, abrindo aos jovens a perspetiva de uma carreira na “Década dos Oceanos” e contribuindo para a sua “Literacia Azul”.

 

Próximos passos?

Atualmente estamos a desenvolver o projeto, que irá ter o seu lançamento no 1º período do próximo ano escolar.

 

Qual é o conselho que deixam ao público em geral?

Todos os cidadãos devem assumir atitudes informadas e responsáveis sobre o Oceano e os seus recursos, onde cada um pode fazer a diferença, nas suas opções e atitudes.

 

Qual é a mensagem principal do projeto, do ponto de vista do desenvolvimento sustentável?

O objetivo final é criar nos jovens uma disposição e um comportamento pró-ativo em relação ao Oceano e seus usos sustentáveis, bem como às oportunidades e desafios no (seu) futuro profissional. Assim, com o projeto, pretende-se contribuir para as mudanças comportamentais que tornarão mais fácil responder aos desafios de sustentabilidade do Oceano, levando os estudantes a apropriarem-se das questões e a tomarem consciência do seu papel na mitigação e promoção da utilização sustentável dos recursos oceânicos.