No passado dia 7 de maio, o MARE marcou presença na 24ª edição do Dia Aberto de CIÊNCIAS (FCUL), com um conjunto diversificado de atividades destinadas a estudantes do ensino secundário, professores e público em geral. Este evento anual visa proporcionar aos visitantes uma experiência direta com a investigação científica desenvolvida na Faculdade, promovendo o diálogo com investigadores e aproximando os jovens das várias áreas do saber.
Com várias estações de demonstração científica, o MARE apresentou múltiplas vertentes da sua investigação nas ciências aquáticas, desde a biologia das algas e a qualidade da água, à deteção de espécies invasoras, passando por tecnologias inovadoras de monitorização da vida aquática e por abordagens de bio inspiração.
Uma das atividades foi a telemetria de peixes, com uma demonstração prática de como os investigadores seguem os movimentos de espécies migradoras. Com recurso a radiotransmissores e emissores acústicos, os visitantes puderam simular a procura de um "peixe" escondido, percebendo na prática como se detetam os sinais emitidos pelos animais marcados. Rita Almeida explicou “Tentamos mostrar-lhes o que fazemos no campo: como seguimos os peixes, como os marcamos, e para que serve esta tecnologia”. Filipa Silva exemplifica “conseguimos saber se as áreas marinhas protegidas estão a ser eficazes, ou compreender os impactos de barragens nas rotas migratórias.”
A monitorização de peixes invasores foi outro dos destaques. Pela mão dos investigadores do Grupo de Invasões Biológicas, os visitantes ficaram a conhecer as principais formas de monitorização, amostragem e deteção de peixes invasores em rios e albufeiras, como a pesca elétrica, as redes de amostragem, a análise de ADN ambiental e até a bioacústica. A atividade contou com uma visita a um barco de pesca elétrica e a observação de equipamentos de campo e alguns peixes invasores conservados em álcool, despertando a curiosidade dos estudantes. Através do jogo “Quem é quem das invasoras” os visitantes puderam conhecer ainda algumas das 240 espécies de peixes, invertebrados e algas não-nativas presentes nos estuários e zonas costeiras portuguesas, bem como a sua origem geográfica, a forma como chegaram até ao nosso país e os impactos que causam nos nossos ecossistemas.
A atividade "As Algas e o Homem" levou os participantes ao microscópio, para observar microalgas e conhecer o trabalho do Biobanco ALISU. O espaço destacou a importância ecológica e biotecnológica das algas, com exemplos de aplicações em aquacultura, alimentação e cosmética. Helena David partilhou “É importante mostrar que as algas não são apenas ‘plantas do mar’. Algumas são superalimentos, outras produzem compostos usados na indústria farmacêutica, e outras são cultivadas por comunidades locais em países em desenvolvimento, constituindo uma fonte essencial de proteína.”
A Oficina de Inovação Inspirada na Natureza, desenvolvida pela investigadora e professora Romana Santos, explorou como o biomimetismo pode gerar soluções para problemas da sociedade. Com jogos educativos e recursos digitais, os participantes foram desafiados a pensar como a ciência pode ser criativa e interdisciplinar. Os professores presentes destacaram a utilidade dos materiais e recursos partilhados, que poderão agora ser usados em contexto de sala de aula.
No laboratório de zoologia marinha do MARE, o investigador João Paulo Medeiros dinamizou uma atividade sobre a qualidade da água, demonstrando como certos organismos invertebrados que vivem no sedimento podem ser bons indicadores do bom estado do ecossistema e auxiliar na avaliação ambiental.
O balanço da participação foi muito positivo. Ao longo do dia, passaram por CIÊNCIAS mais de 2500 estudantes nomeadamente pelos espaços dinamizados pelo MARE, que colocaram questões, participaram em jogos, observaram amostras e, sobretudo, descobriram um pouco mais sobre a investigação marinha e a sua relevância para a sustentabilidade e para o futuro do planeta.
A participação do MARE neste Dia Aberto reforça o compromisso do centro com a literacia científica, a formação de futuros cientistas e a promoção de um oceano mais conhecido e mais protegido.
Texto de Vera Sequeira