Como reage a Corvina à passagem dos barcos no Estuário do Tejo?

Os investigadores do MARE André Matos, Clara Amorim e Manuel Vieira são coautores do artigo “Reaction of two sciaenid species to passing boats: Insights from passive acoustic localisation” recentemente publicado na revista científica Estuarine, Coastal and Shelf Science. 

Como é que os peixes reagem à passagem dos barcos no estuário do Tejo? É a esta pergunta que o artigo tenta responder, ao estudar o comportamento de duas espécies de corvina, a corvina-legítima (Argyrosomus regius) e a corvinata-real (Cynoscion regalis). 

“Neste estudo, monitorizámos as vocalizações produzidas por estes peixes durante a época de reprodução e estimámos a posição dos indivíduos vocais usando técnicas de localização de acústica passiva com uma rede de hidrofones”, explica Clara Amorim. Esta abordagem permitiu observar a reação ao ruído dos barcos, tanto em termos de alterações na atividade vocal como na sua localização.

O que os investigadores observaram foi que “os cardumes de corvina-legítima e a corvinata-real movimentaram-se com a passagem dos barcos, sugerindo uma reação a esta perturbação.” Para além disso, estes animais também “reduziram a sua atividade acústica durante a passagem de cada barco”, apesar de “não se detetaram alterações no comportamento acústico da corvinata-real”.

A investigadora do MARE salienta ainda que “este estudo foi realizado quando ambas as espécies formam agregações associadas à desova, pelo que, no futuro, será importante investigar as implicações das perturbações sucessivas causadas pelas passagens de barcos na sua reprodução”.

Este estudo é especialmente importante em contextos em que os peixes estão expostos a ruídos de origem humana, altamente prevalecentes durante a época de reprodução, como é o caso de estuários e zonas costeiras movimentadas.

 

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