CatFish Day alerta para os impactos do peixe-gato-europeu nos ecossistemas portugueses

O siluro ou peixe-gato-europeu (Silurus glanis), uma das espécies invasoras mais preocupantes na Europa, foi o centro das atenções no CatFish Day, realizado a 18 de setembro na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. O encontro, promovido pelo Fish Invasions Lab (MARE) no âmbito do projeto LIFE Predator, reuniu investigadores e pescadores para debater estratégias de gestão deste predador de grandes dimensões. 

Atualmente, o siluro encontra-se em franca expansão em Portugal, com registos recentes em albufeiras como Montargil e Torrão. Esta espécie pode atingir grandes dimensões e tem um impacto significativo nas comunidades de peixes, incluindo em espécies emblemáticas como a enguia-europeia, o sável e o barbo. 

Segundo João Gago, “A maioria dos pescadores reconhece os efeitos negativos do siluro sobre os peixes nativos, mas é necessário reforçar a sensibilização e a fiscalização, sobretudo no que toca à prática ilegal de captura e libertação do siluro”.

A biologia reprodutiva da espécie facilita, também, a disseminação da mesma. Estudos recentes no Baixo Tejo revelaram populações maioritariamente constituída por fêmeas, apresentam uma maturidade precoce e uma época de reprodução mais longa do que na sua área de distribuição nativa, fatores que contribuem para o estabelecimento rápido da espécie nos ecossistemas portugueses.

Não há soluções simples para travar o siluro. Os métodos mais eficazes são o uso de redes de grande malhagem e de palangres com isco vivo. Mas só com a participação dos pescadores profissionais será possível aplicar estas técnicas de forma eficaz, como destaca Rui Rivaes, investigador do MARE, “Precisamos de envolver os pescadores profissionais nas soluções de controlo. Só com a sua participação será possível mitigar os impactos desta espécie invasora nos nossos rios”.

O CatFish Day encerrou com uma mesa-redonda dedicada ao papel da ciência e da sociedade no combate às invasões biológicas. Para além da necessidade de dar continuidade à investigação sobre a ecologia e comportamento da espécie, os especialistas reforçaram que todos podem contribuir para travar a expansão do siluro. Como? Seguindo e partilhando informação nas redes sociais do projeto (LIFE Predator no Facebook e Fish Invasions Lab no Instagram), respondendo ao inquérito de perceção sobre o siluro que ajuda a compreender o conhecimento público sobre a espécie, e sensibilizando familiares, amigos e as comunidades escolares para o problema das espécies invasoras.

 

 

Texto de Vera Sequeira