Num apelo conjunto aos decisores políticos, os diretores das principais unidades de investigação em ciências do mar em Portugal — incluindo o diretor do MARE, Pedro Raposo de Almeida — tornaram pública uma carta aberta dirigida aos futuros governos, sublinhando a urgência de uma gestão do oceano alicerçada no conhecimento científico, em investimento tecnológico e numa visão estratégica de longo prazo.

A carta, assinada por representantes do MARE, CCMAR, CESAM, CIIMAR e Okeanos, destaca a situação paradoxal em que se encontra Portugal: sendo um país com uma zona económica exclusiva (ZEE) significativamente maior do que o seu território terrestre, não dispõe dos meios necessários para estudar e monitorizar o seu próprio oceano de forma adequada. Os investigadores alertam que os navios nacionais de investigação são escassos, obsoletos e raramente acessíveis às universidades, o que dificulta a produção de conhecimento essencial para uma governação eficaz e sustentável do mar.
O documento reforça que, apesar dos avanços científicos recentes, a investigação marinha nacional continua a ser limitada por restrições orçamentais, falta de infraestruturas modernas e dificuldades no acesso a tempo de navio, colocando o país atrás de vizinhos como Espanha, cuja frota oceanográfica é gerida de forma colaborativa e integrada.
Além da vertente científica, a carta sublinha que o oceano é um ativo essencial ao bem-estar humano e ao equilíbrio climático, sendo responsável por regular o clima, fornecer oxigénio, alimentos e absorver dióxido de carbono.
Os autores da carta instam o próximo governo a colocar a ciência no centro das decisões estratégicas, lembrando que o objetivo de investir 3% do PIB nacional em investigação e desenvolvimento até ao final da década deve ser visto como um compromisso inadiável com o futuro sustentável do país.
A carta aberta é assinada por:
Para ler a carta clique
AQUI