MARE participa no primeiro Bioblitz de Lafões

Entre 2 e 4 de maio no âmbito das I Jonrnadas do Ambiente, cerca de meia centena de pessoas reuniram-se em São Pedro do Sul para fazer um levantamento da biodiversidade local. Esta ação de ciência cidadã contou com vários especialistas de renome, entre os quais os investigadores do MARE Filipe Ribeiro, Paula Chainho, Verónica Ferreira, Ana Veríssimo e Sónia Serra. 

A primeira edição do Bioblitz de São Pedro do Sul aconteceu em três áreas de grande valor ecológico do concelho: o Parque do Lenteiro do Rio, a Ribeira da Vagem e o Rio Trouce, com entrada a partir da Quinta da Comenda. Durante o evento, foram realizadas saídas de campo para observar e identificar diversos grupos da fauna e flora locais, como plantas, insetos, invertebrados aquáticos, peixes, répteis, aves e mamíferos.

O evento contou com sessões guiadas pelas investigadoras do MARE Verónica Ferreira e Sónia Seixas, que identificaram macroinvertebrados aquáticos bioindicadores de boa qualidade ecológica. Para além disto, a representar o MARE os investigadores Filipe Ribeiro, Paula Chainho e Ana Veríssimo, conduziram sessões de pesca elétrica na Ribeira da Vagem e no Rio Trouce, onde foram identificadas três espécies nativas: ruivaco (Achondrostoma oligolepis), espécie endémica de Portugal; escalo-do-norte (Squalius carolitertii), endémico da Península Ibérica; e truta-de-rio (Salmo trutta). A captura de exemplares de várias idades e tamanhos revelou a boa preservação ecológica das linhas de água e a existência de populações piscícolas saudáveis e sustentáveis.

Segundo Paula Chainho "Este Bioblitz foi muito mais do que um levantamento de espécies — foi um encontro entre cientistas e investigadores, pessoas curiosas, conhecimento partilhado e uma profunda ligação à natureza. Mostrou-nos que, mesmo debaixo de chuva, há uma comunidade disposta a cuidar, conhecer e celebrar a biodiversidade de Lafões".

O botânico João Farminhão (Universidade de Coimbra) destacou a descoberta de um novo núcleo da rara espécie Doronicum plantagineum. Na área da entomologia, Grosso-Silva identificou a borboleta protegida Euphydryas aurinia e o escaravelho Carabus galicianus, até então desconhecido na região. A bióloga Davina Falcão desmistificou mitos sobre serpentes, enquanto Nuno Campos, responsável pelo inventário “Cuida - Fauna e Flora de Lafões”, identificou 44 espécies de aves, principalmente pela vocalização.

Um dos momentos marcantes foi a devolução à natureza de uma águia-d’asa-redonda, recuperada após atropelamento, liderada por Ricardo Brandão. Além das observações diretas, a foto-armadilhagem e a análise de pegadas, sob orientação de Dário Hipólito (CESAM), permitiram registar mamíferos mais discretos. Todos os registos foram adicionados à plataforma iNaturalist, uma ferramenta de ciência-cidadã que permite a qualquer pessoa partilhar observações de espécies, promovendo o conhecimento e a conservação global da biodiversidade.

 A grande adesão ao evento sugere a continuidade da iniciativa, destacando a importância da conservação da biodiversidade local.