Poderão as cores das fezes do Pinguim Imperador ajudar a conhecer a sua dieta via imagens de satélite?

Todo o ciclo de vida do pinguim-imperador está intrinsecamente ligado ao gelo da Antártida. Eles sincronizam o seu ciclo de vida com o gelo. Por isso são consideradas espécies-sentinela, ótimas para estudar os impactos das Alterações Climáticas.

Foi com este mote que Hugo Guímaro, investigador do MARE, do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra ingressou na sua primeira expedição à Antártida, no Polo Sul, em parceria com dois investigadores britânicos, do British Antarctic Survey, de Cambridge.

O investigador viajou em novembro para Snow Hill Island, na Antártida, onde se localiza a colónia de pinguins-imperador que fica mais a norte de todas as que conhecem. Nesta região, os pinguins-imperador sofrem com as alterações climáticas, embora, até ao momento, ainda não "de forma tão catastrófica como a observada na região de Bellingshausen, onde, em 2022, morreram todas as crias de pinguins, devido ao derretimento antecipado do gelo".

Durante duas semanas, estudaram uma das 66 colónias de pinguins imperador “que está a sofrer muito com as alterações climáticas”. Hugo está a estudar a dieta destes pinguins, porque se sabe muito pouco sobre o que eles comem. "Estou a tentar ver se é possível saber [o que comem] através de imagens de satélite”, explica Hugo Guimaro. Na Antártida, os investigadores colocaram GPS em alguns adultos para perceber “as regiões que utilizam para se alimentar” e recolheram amostras de guano (fezes dos pinguins) para perceber o que comem durante a época de reprodução. As fezes apresentam cores diferentes e os cientistas acreditam que isso é o reflexo da dieta e que poderá depois ser utilizado para monitorizar a alimentação via imagens de satélite.

 

O investigador conversou com o Diário de Coimbra sobre o seu trabalho. AQUI e AQUI