O esturjão está extinto em Portugal. Vamos continuar?

Sabia que mais de metade das espécies de peixes de água doce existentes em Portugal estão ameaçadas de extinção? E que seis delas estão Criticamente em Perigo?

 

Estes são factos para os quais nos alerta o Livro Vermelho, que foi esta quarta-feira apresentado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. O “Livro Vermelho dos Peixes Dulciaquícolas e Diádromos” é o livro que nasce de um projeto que começou em 2019, juntando vários investigadores nomeadamente do MARE. E serve agora para chamar à atenção para a espécie Regionalmente Extinta – o esturjão, para as seis espécies Criticamente em Perigo (entre elas a lampreia-do-nabão, a lampreia-do-sado, e o ruivaco-do-oeste,  o salmão-do-atlântico, a truta-marisca e a lampreia-do-rio) e para os mais de 15 peixes, entre eles o sável, o saramugo e a boga-portuguesa na categoria de Vulnerável.

 

O diretor do MARE Pedro Raposo de Almeida, que participou no livro atual e num livro que foi “antecessor” deste, referiu esta quarta-feira que este livro é um instrumento essencial para a definição de uma estratégia que vise a conservação dos peixes migradores e de água doce, e alertou que os próximos 10 anos são cruciais na gestão e conservação da natureza no que respeita à componente aquática, porque se corre o risco de extinção de muitas espécies piscícolas.

 

Neste projeto os investigadores estudaram 43 espécies de peixes, sendo 32 residentes e 10 migradores. Os investigadores relembram que os maiores entraves à sobrevivência das espécies são infraestruturas como as barragens, a poluição de origem doméstica e agroflorestal, as alterações climáticas e a sobrepesca.

 

Para reverter a situação, Filomena Magalhães, professora da Faculdade de Ciências, defendeu como essenciais medidas como a restauração de habitats, melhorar as condições dos ecossistemas aquáticos e áreas ribeirinhas, e tentar mitigar os impactes negativos das ações humanas, designadamente, a captação de água para diferentes usos. Salientou ainda a importância de se  monitorizar constantemente o estado de conservação das populações de peixes de água doce e migradores em Portugal.