João Canning-Clode destaca-se em documentário do canal ARTE

O investigador do MARE João Canning-Clode participa no documentário Terre, les forces du vivant, recentemente estreado no canal francês ARTE. Esta produção ambiciosa explora a relação profunda e milenar entre o mundo mineral e o mundo vivo, culminando numa reflexão urgente sobre a pegada geológica da humanidade em plena era do Antropoceno. 

Num dos segmentos mais marcantes do documentário, João Canning-Clode é convidado falar sobre a sua investigação pioneira do fenómeno geológico Plasticrust: formações híbridas resultantes da fusão de plástico com rocha, inicialmente identificadas na Ilha da Madeira em 2016. “Acho que o plasticrust, não só na minha região, mas em todo o mundo, nos diz algo. Acho que é um sintoma da época atual. É um sinal de alerta ao qual devemos estar atentos”, afirma o investigador.

A presença de Plasticrust evidencia o impacto duradouro do plástico no meio ambiente. Estes materiais, formados por uma combinação de ação mecânica das ondas, textura das rochas e temperaturas elevadas, que podem ultrapassar os 60ºC no verão, já não são exclusivos da ilha da Madeira. Têm sido identificados um pouco por todo o mundo: no Japão, Brasil, Peru e Mediterrâneo, revelando a escala global deste novo tipo de poluição.

João Canning-Clode tem-se dedicado nos últimos anos a estudar a evolução deste fenómeno e a compreender os mecanismos que o originam. O seu trabalho surge agora em destaque num documentário que percorre quatro mil milhões de anos da história geológica da Terra, revelando como o plástico, um material criado há pouco mais de um século, já está a reescrever a linguagem das rochas.

Narrado pela atriz francesa Emmanuelle Béart, Terre, les forces du vivant junta imagens deslumbrantes e testemunhos de cientistas de renome, numa odisseia que começa na formação da Terra e termina no presente incerto do Antropoceno, mostrando como a intervenção humana está a alterar radicalmente os processos naturais que moldaram o planeta durante milénios.

A participação de João Canning-Clode reforça o papel do MARE e da ciência portuguesa na linha da frente da investigação ambiental global, contribuindo para a reflexão sobre os desafios da atualidade e a necessidade urgente de repensar a relação da humanidade com o planeta Terra.