Os peixes do rio Tejo enfrentam sérias ameaças relacionadas com a escassez hídrica, os obstáculos às migrações e a proliferação de espécies invasoras. O alerta foi deixado por Bernardo Quintella, investigador do MARE/ARNET – Rede de Investigação Aquática, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CIÊNCIAS ULisboa), numa ação realizada no passado domingo, 28 de setembro, no âmbito do Festival Terras sem Sombra, em Belver, no concelho de Gavião.
A atividade, intitulada “O Próprio e o Alheio: Ictiofauna do Rio Tejo”, contou com uma palestra e um passeio pelas margens do Tejo, ligando a Praia Fluvial do Alamal a Belver. O programa incluiu ainda uma conversa com um pescador local, cujas redes capturaram sobretudo espécies não indígenas, em particular o peixe-gato-europeu, que hoje domina a comunidade piscícola em número de exemplares e biomassa.
“Os peixes dos nossos rios estão em perigo. É urgente recuperar os habitats, assegurar caudais ecológicos, garantir a continuidade dos rios para permitir as migrações e melhorar a qualidade da água”, sublinhou Bernardo Quintella, acrescentando que a remoção de espécies invasoras é essencial para travar a perda de biodiversidade.
Criado em 2003, o Festival Terras sem Sombra é uma iniciativa cultural e ambiental que alia concertos de música erudita, visitas ao património e ações de salvaguarda da biodiversidade. Realizado em vários concelhos alentejanos, o festival procura valorizar os territórios de baixa densidade, aproximar o público da natureza e sensibilizar para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
Ao integrar cientistas nas suas atividades, o festival promove o diálogo entre a arte, a ciência e as comunidades locais. A participação de Bernardo Quintella reforçou o papel do MARE na divulgação científica e na proteção dos ecossistemas aquáticos, aproximando a investigação das pessoas e do território.
Fotografias de ©TSS Biodiversidade Gavião
Texto de Vera Sequeira