O MARE esteve presente no evento “O Caminho da Inovação”, organizado pelas Águas do Tejo Atlântico a 25 de setembro, na Fábrica de Água de Alcântara. O encontro juntou empresas, investigadores e entidades públicas em torno da inovação, da sustentabilidade e da colaboração para o futuro da água.
O MARE na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa destacou a infraestrutura nacional CoastNet, que integra dados de satélite, medições ambientais e biológicas in-situ e telemetria acústica. O MARE na Universidade de Évora alertou para o problema do mexilhão-zebra (Dreissena polymorpha), uma espécie invasora que ameaça sistemas de abastecimento de água e infraestruturas hidráulicas, no âmbito do projeto LIFE INVASAQUA.
“O CoastNet é inovador porque combina dados físico-químicos, biológicos e acústicos num geoportal aberto, acessível a empresas, gestores e investigadores. Essa abertura é algo raro e muito valorizado”, explicou João Marques, investigador do MARE/ARNET na FCUL. O melhoramento do geoportal está a ser efetuado no âmbito do projeto CoastNet2030 para permitir um melhor acesso público aos dados que compila.
O público pôde ainda ouvir sons de espécies como o charroco, a corvina e a corvinata-real, registados no estuário do Tejo. “As pessoas ficam sempre surpreendidas quando percebem que os peixes comunicam através de sons. Usamos inteligência artificial para identificar automaticamente estas espécies em gravações contínuas, o que nos permite estudar a evolução das populações ao longo dos anos”, acrescentou Manuel Vieira, também do MARE/ARNET na FCUL. O alargamento destes estudos vai ser, inclusive, melhorado e alargado com a instalação de novos hidrofones no Tejo e Sado ao abrigo do projeto CoastNetInfra.
Já o expositor do MARE-UÉvora centrou-se na ameaça do mexilhão-zebra, uma espécie detetada em Portugal em 2019 e responsável por prejuízos de dezenas de milhões de euros em Espanha. Foram apresentados materiais de sensibilização e resultados do projeto LIFE INVASAQUA, dedicado à disseminação de informação e prevenção de espécies exóticas invasoras aquáticas na Península Ibérica.
Neste âmbito, destacou-se a importância da monitorização contínua e das ações de prevenção. A atuação precoce antes da dispersão destas espécies é a forma mais eficaz de reduzir custos e impactos.
“O preço a pagar por processos de prevenção e de deteção precoce, com ação rápida, é muito menor do que o de agir quando o problema já está instalado. No MARE-UÉvora temos desenvolvido investigação inovadora sobre os mecanismos de dispersão destas espécies e prestamos serviços de monitorização no sul do país”, explicou Pedro Anastácio, investigador do MARE/ARNET e professor na Universidade de Évora.
A participação no evento reforçou o papel do MARE como parceiro estratégico para enfrentar os desafios da água. Com mais de 600 investigadores, o centro combina conhecimento fundamental e aplicado, tecnologia e inovação, apoiando a gestão sustentável dos ecossistemas aquáticos e das infraestruturas que deles dependem.
Texto por Vera Sequeira