ARNET promove primeiro encontro nacional com a sua comunidade científica

Mais de 100 investigadores participaram no evento, que reforçou a articulação entre o MARE, o CIMA e o CBMA e sublinhou o papel da ciência na definição de políticas públicas para os ecossistemas aquáticos 

A Universidade do Minho recebeu, nos dias 3 e 4 de julho, o 1.º Encontro Nacional do ARNET – Rede de Investigação Aquática. Esta iniciativa juntou, pela primeira vez, a comunidade científica que integra o laboratório associado, criado em 2020, e reuniu mais de uma centena de participantes. Durante dois dias, partilharam-se resultados, discutiram-se desafios e reforçaram-se ligações entre equipas e instituições que, de norte a sul do país, trabalham para a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos.

Na sessão de abertura intervieram os diretores das três unidades fundadoras do ARNET: Pedro Raposo de Almeida (MARE – Universidade de Évora), Sara Raposo (CIMA – Universidade do Algarve) e Cláudia Pascoal (CBMA – Universidade do Minho). Entre os temas abordados estiveram a urgência de mobilizar a comunidade ARNET para uma atuação mais articulada, o papel estratégico dos laboratórios associados no sistema científico nacional e a importância crescente da ligação entre ciência e decisão política.

O programa do primeiro dia incluiu a apresentação dos cinco domínios científicos do ARNET: (i) exploração e monitorização aquática, (ii) sustentabilidade ambiental, (iii) risco ambiental, (iv) biotecnologia e soluções baseadas na natureza, e (v) governança e literacia. Seguiu-se a apresentação dos investigadores recentemente contratados ao abrigo do financiamento específico para o laboratório associado, que estão a desenvolver projetos em áreas como a deteção precoce de espécies invasoras, a valorização de resíduos da indústria pesqueira ou a monitorização de ecossistemas com imagens de satélite.

Ainda durante a manhã, foram partilhados os resultados de um exercício de horizon scanning que envolveu vários investigadores da rede e permitiu identificar os principais desafios estratégicos para os ecossistemas aquáticos portugueses na próxima década.

Já durante a tarde, foram apresentados três grupos de trabalho transversais ao ARNET: a plataforma de gestão de dados, a plataforma de serviços e o grupo de comunicação. Seguiram-se as reuniões dos cinco domínios científicos da rede, que reuniram investigadores de diferentes instituições para refletir sobre os principais desafios e oportunidades de cada área. Estas sessões permitiram discutir estratégias de dinamização futura e culminaram com a partilha das principais mensagens-chave em plenário.

O segundo dia ficou marcado pela mesa-redonda “Monitorizar, Avaliar e Agir: desafios para a gestão de sistemas aquáticos”, que juntou representantes de entidades com atuação relevante no território: António Martinho (ICNF), Frederico Lopes (Águas do Norte), Graça Fonseca (CCDR-Norte) e Pedro Raposo de Almeida (ARNET/MARE), com moderação de Cláudia Pascoal (ARNET/CBMA). O debate evidenciou a necessidade de reforçar a ligação entre conhecimento científico e políticas públicas, destacando o papel que redes como o ARNET podem desempenhar na monitorização, avaliação e gestão dos recursos aquáticos.

O Encontro ARNET assinala assim um passo importante na consolidação da rede, promovendo uma ciência mais colaborativa e comprometida com a ação no território. Para os organizadores, este momento representou não apenas um ponto de chegada, mas sobretudo de partida para uma nova fase de trabalho conjunto entre o MARE, o CIMA e o CBMA, em diálogo com a sociedade e com os decisores políticos.

 

Texto de Vera Sequeira