No passado dia 12 de maio decorreu o “MARE à Beira Rio”, na Praça Soeiro Pereira Gomes em Alhandra, os investigadores Filipe Ribeiro, Bernardo Quintella, Beatriz Castro, Christos Gkenas, Inês Pires, João Paulo Medeiros e Mafalda Moncada, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (MARE-ULisboa), realizaram algumas atividades didáticas para famílias. O objetivo desta iniciativa foi o de aproximar o conhecimento científico à comunidade.
“Este evento teve quatro atividades, uma sobre a importância dos “bichos da lama” no estuário e rio, outra sobre como se estuda os movimentos dos peixes do Tejo como a corvina e o robalo, uma outra atividade sobre as espécies invasoras do estuário como a amêijoa-japónica e, por fim uma atividade sobre os peixes do rio Tejo, e em concreto sobre os impactos dos peixes invasores como é o caso do peixe-gato-europeu”, explicou o Investigador Filipe Ribeiro do MARE.
Ao almoço, os participantes foram convidados a experimentar três espécies invasoras que existem no rio Tejo. “O menu tem uma massada de carpa, douradinhos do rio, rolinhos fritos de siluro (peixe-gato-europeu) e fatias fritas de lucioperca com açorda”, contou o pescador profissional Carlos Serras que acrescenta “Estes peixes são aos milhares sobretudo na região do Tejo Internacional”.
“O consumo de peixes invasores pode ajudar a reduzir o impacto do peixe-gato-europeu sobre várias espécies nativas do rio Tejo e, simultaneamente providenciar algum rendimento aos pescadores profissionais”, comentou o investigador Filipe Ribeiro que salienta “A captura de um recorde nacional deste peixe invasor a que se assistiu na semana passada no Parque Natural do Tejo Internacional em Castelo Branco não é surpresa e vamos assistir a mais recordes. Os pescadores profissionais chegam a pescar mais de uma tonelada desta espécie invasora numa semana de faina. Faz sentido termos um Parque Natural cheio de peixes invasores?“ De acordo com o investigador, o Projeto LIFE-PREDATOR irá implementar a remoção de peixe-gato-europeu em áreas protegidas reduzindo o impacto deste peixe invasor.
Ao longo do dia cerca de 100 pessoas participaram no evento, sobretudo famílias com várias crianças. João Fernandes, residente em Alhandra disse “Foi uma atividade muito interessante para miúdos e graúdos. O nosso filho gostou muito de mexer nos caranguejos e procurar o peixe marcado com a antena de telemetria. Os especialistas são muito acessíveis”.
Catarina Alexandre, residente em Vialonga, comentou “a atividade sobre os peixes de rio foi muito interessante para toda a família. Desde a breve história de alguns peixes do rio no nosso território, bem como jogos educativos. No final, o almoço divinal de açorda de ovas e peixe frito”.
Dulce Domingos, da Gentes em Alhandra e da Casa das Estórias, disse que “Nunca tinha experimentado estes peixes invasores! Estavam ótimos, sobretudo os douradinhos de siluro!”. A visitante Filipa Macieira acrescentou “A experiência gastronómica foi muito gira. Experimentamos pratos deliciosos com espécies do rio. Adorei a açorda e nunca tinha experimentado o peixe-gato. Foi muito bom”.
Para os nossos investigadores, este evento mostrou-se ser uma experiência bastante positiva. “É sempre um prazer ver - e renovar - o entusiasmo das pessoas pela natureza que têm próxima delas e que tantas vezes passa despercebida. As espécies invasoras já entraram - silenciosas, mas devastadoras - na vida de cada um de nós, especialmente nos nossos rios. É urgente que cada um desperte o curioso que há dentro de si e procure conhecer melhor o mundo que o envolve. Então verá que tudo tem que ver consigo e que uma tarde bem passada a saborear um siluro maravilhosamente cozinhado com amigos e família pode ser uma forma de proteger os nossos rios, hoje e amanhã.", declara a investigadora do MARE Mafalda Moncada.
O “MARE à Beira Rio” foi um evento organizado pelo Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, pela Associação Gentes em Alhandra, Casa das Estórias e Junta de Freguesia de Alhandra e São João dos Montes.
Texto por Filipe Ribeiro em colaboração com Gabinete de Comunicação do MARE