MARE na Noite Europeia de Investigadores

 

Lisboa

Comem peixe? Querem provar peixe que nunca comeram na vida? Quando a resposta era afirmativa (provavelmente sempre) as pessoas eram convidadas a sentar-se, a provar os preparados à base de três tipos de peixe que não têm valor comercial - choupa, cabra-lira e carapau-negrão - e a preencher um pequeno questionário sobre o consumo de pescado. Enquanto tudo isso? As investigadoras explicam toda a questão envolvente. 

Há espécies de peixe que são apanhadas e depois rejeitadas. Muitas no mar, outras já em terra, sem qualquer aproveitamento. Pelo que o MARE está a desenvolver novos produtos à base destas espécies que têm também valor nutricional, que sejam apetecíveis ao cliente. E assim se apresentou o projeto ValoreJet. 

O outro “posto” aguardava as crianças que quisessem fazer uma caça aos ovos de tubarão ou de raia pelas areias, no caso as das dunas de Troia. Este faz parte do projecto Shark Attract, um dos vencedores da primeira edição do Fundo para Conservação dos Oceanos, do Oceanário de Lisboa e Fundação Oceano Azul, cujos investigadores do MARE participam tendo desenvolvido a famosa aplicação “A Grande Caça aos Ovos”. Aplicação que já tem cerca de 300 registos, aguardando muitos mais. 

Estaremos a medicar o ambiente? Esta era a pergunta mote para a outra “paragem obrigatória” do MARE na noite de Lisboa: a do projeto Biopharma. Com o aumento dos compostos ativos aumentou a esperança de vida dos humanos. Mas estará a diminuir a dos peixinhos? 

Os compostos ativos são desenhados para ser biologicamente ativos, ou seja, chegar ao corpo e ir a um determinado target, pelo que não podem ser facilmente degradáveis, para chegar onde é necessário, e muito dele não é absorvido pelo organismo nem metabolizado, portanto sai pelas fezes e pelo xixi. E o mesmo se passa na aquacultura e na pecuária. Problema? Chega ao mar. 

Conta do problema deu-se apenas quando, quase inexplicavelmente, na India houve uma população imensa de abutres que morreu. Os investigadores analisaram e eles tinham comido carcaças de vacas que estavam cheias de voltaren e aquela espécie de aves não consegue metabolizar esse medicamento. Porque alguém se lembrou que isso poderia ser um problema geral, as investigações nesse âmbito prosseguiram. 

A tecnologia para analisar esse tipo de compostos ainda é um pouco inacessível, pela dificuldade e valores praticados porque as concentrações são baixas. Mas os investigadores do MARE resolveram investigar primeiramente as águas. 

“Concentramo-nos no Tejo, por causa da população e porque não havia ainda informação. Fomos fazer uma recolha: em 92 águas não houve nenhuma a zeros” explica a investigadora Vanessa Fonseca. As piores concentrações estavam nas áreas adjacentes aos centros urbanos – Lisboa, perto da Etar de Beiroles, Almada, Baia do Seixal ou Vila Franca. 

O trabalho seguinte: analisar os peixinhos e outros organismos. Nessa análise apanhámos antibióticos, anti-depressivos, anti-epiléticos no sargo, robalo, caranguejo, corvina, especialmente no fígado, órgão preferencial de acumulação e talvez alguns no cérebro que está uma estudante a estudar agora. 

Posteriormente fez-se um estudo em laboratório onde se notou que alguns peixes, com determinada medicação deixam de se conseguir alimentar, apesar de outros, com outro tipo de medicação crescerem. 

O próximo passo é estabelecer parcerias com outros países para ter uma ideia mais completa, por exemplo, na bacia do Atlântico. Se aprovados serão 12 países. 

E qual a solução para este problema? Melhorar o tratamento nas ETARS, nomeadamente através da ozonação – porque quando a água passa por ozono muitos dos compostas degradam-se. No entanto, esse ainda é um processo caro. 

Outra solução é o dream pharmacy – solução ecológica - portanto o medicamente tem um composto ativo e muitas vezes tem o veículo para chegar ao target. E é esse veículo que pode ser mais ecológico, mais fácilmente degradável, de forma que o seu tempo de vida seja menor. 

 

Évora

O MARE na NEI 2019 em Évora participou de três formas: Stand "MARE sai à Noite"; Apresentações da Prof. Helena Adão e das Investigadoras Sílvia Pedro e Catarina Mateus nos "Cafés com Ciência"; Participação da Investigadora Kasia Sroczynska no "Speed Dating de Ciência e Arte".

 

STAND MARE SAI À NOITE:

A Noite Europeia dos Investigadores tomou de assalto a Praça do Giraldo, em Évora, e o MARE marcou presença com várias atividades para os mais novos e partilha de conhecimento para os mais crescidos.

No stand do "MARE SAI À NOITE" mais de 300 crianças e pais exploraram "O Que Se Esconde No Fundo do Mar", onde puderam descobrir em ponto grande modelos dos principais grupos dos pequenos habitantes dos sedimentos marinhos, a meiofauna; puderam ainda pedir desejos para o mar e decorar a gigante e amigável "Estrela do MARE".

 

PARTICIPAÇÕES DAS NOSSAS INVESTIGADORAS:

Os "Cafés com Ciência" contaram com a colaboração das investigadoras do MARE-UÉ, Helena Adão com o tema "Conhecer o fundo do mar através da vida no sedimento" e Sílvia Pedro e Catarina Mateus com o tema "Os peixes também saem à noite". Já a investigadora Kasia  Sroczynska representou o MARE nas sessões de "Speed Dating de Ciência e Arte". Foram duas atividades direcionadas para o público mais adulto, com o objetivo de dar a conhecer ao público geral a investigação realizada por cada uma e suscitar as dúvidas e o interesse dos participantes nas ciências naturais dos mares, rios e estuários.

 

Madeira

No Centro Comercial La Vie, Madeira, por onde passaram cerca de 2000 visitantes, várias turmas de alunos das escolas da região estiveram presentes. A mensagem? Focou-se no Projeto MACARONIGHT (projeto Marie Curie Sklodowska/European Union Horizon H2020, http://frct.azores.gov.pt/project/macaronight/), que decorreu em várias ilhas a Macaronésica. A organização esteve a cargo da Universidade da Madeira e os investigadores do MARE participaram integrados na banca do Observatório Oceânico da Madeira.

 

Coimbra

Em Coimbra alguns investigadores estiveram presentes no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra com os temas da Ciência Polar e com a Apresentação do Livro "Rios de Portugal". 

 

Figueira da Foz 

Já na Figueira da Foz, no FigueiraSea - Sustainable Expo Alliance os investigadores apresentaram o tema dos Recursos piscícolas e dos Impactos e Monitorização do Lixo Marinho.