Investigadores do MARE alertam: Acácias ameaçam ecossistemas aquáticos

Um estudo coordenado pela investigadora do MARE Verónica Ferreira, foi recentemente publicado na revista científica Freshwater Biology. O artigo intitulado "Effects of Acacia invasion on water quality, litterfall, aquatic decomposers, and leaf litter decomposition in streams", é também da autoria dos investigadores do MARE Ana Pereira, Nuno Coimbra e Manuel Graça.

Os investigadores avaliaram os efeitos da invasão de florestas caducifólias de folha larga (tipo de floresta das regiões temperadas), por espécies de Acácia fixadoras de azoto e de folha persistente, na variação sazonal das condições ambientais dos cursos de água, queda de folhas na zona ripícola, decompositores aquáticos e decomposição de serrapilheira. Para isso, os investigadores compararam três cursos de água que atravessam florestas nativas, com três cursos de água que atravessam florestas compostas quase totalmente por povoamentos monoespecíficos de acácias.

Verónica Ferreira, em comunicado ao Observador explica que, "este estudo mostra que as invasões biológicas num ecossistema terrestre podem ter efeitos em ecossistemas adjacentes, como ribeiros, pelo que é importante considerar a interdependência entre ecossistemas na avaliação dos efeitos destas invasões". a investigadora considera que as espécies invasoras são "uma grave ameaça à biodiversidade e ao funcionamento dos ecossistemas".

O estudo mostrou que "a diversidade de microrganismos decompositores e de macroinvertebrados é mais baixa em ribeiros que atravessam acácias, comparativamente a ribeiros associados a floresta de espécies nativas, muito em resultado da menor diversidade dos detritos vegetais que entram nos ribeiros em acacial e que são dominados por detritos de mimosa", começou por explicar Verónica Ferreira à Wilder. "Estas alterações na diversidade dos organismos aquáticos nos ribeiros em floresta invadida são preocupantes, uma vez que comunidades menos diversas estão menos preparadas para lidar com alterações ambientais que possam ocorrer, como as associadas a mudanças climáticas, e podem ser menos eficazes a desempenhar funções no ecossistema, como a reciclagem dos nutriente".

Para a investigadora, "a melhor opção é proteger zonas ribeirinhas nas zonas altas das bacias hidrográficas, que estão geralmente em melhor estado de conservação, o que pode implicar a limitação do acesso humano e a monitorização contínua para eliminar presença de indivíduos de mimosa isolados".

 

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