Essencial num vigilante da natureza? Saber identificar a espécie invasora

 

Já ter ouvido falar é uma coisa, saber como é, nas suas várias fases, podendo identificar, é outra. Por isso pescadores profissionais e lúdicos, entidades locais e regionais, como municípios, juntas de freguesia, entidades fiscalizadoras como o SPENA da GNR, a Guarda Florestal e os Vigilantes da Natureza do ICNF participaram no workshop promovido pela equipa nacional coordenadora do projeto LIFE PREDATOR, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em parceria com o Município de Vila Velha de Ródão.

 

Foi no cais de Ródão, no dia 18 de maio, que a equipa constituída por investigadores do MARE, cE3c e IDL, e 75 pessoas de diferentes regiões de Portugal debateu a problemática e as opções de controlo desta espécie junto dos participantes - o peixe-gato-europeu, espécie invasora introduzida ilegalmente nos lagos e albufeiras do sul da Europa.

 

Vigilância umas das palavras que “completarão esta charada”. Por isso “treinar os vigilantes da natureza para os capacitar para que no futuro possam ser mais eficazes nas ações de fiscalização dos pescadores lúdicos e desportivos; perceberem as necessidades de se fazer com que os pescadores não libertem os peixes invasores; saberem o que é um siluro, distinguir um siluro do peixe-gato americano”, é crucial como explica o investigador do MARE Filipe Ribeiro.

 

Dividido em dois momentos, o programa foi dedicado à apresentação do projeto LIFE PREDATOR e das ações previstas para os próximos anos, seguido de uma sessão prática, que contemplou a demonstração de diversas artesde pesca, designadamente, a pesca elétrica e a pesca com redes e palangres; o reconhecimento de espécies piscícolas do rio Tejo capturadas em redes e a apresentação de artes de pesca para controlo desta espécie. Nesta segunda parte prática foram capturadas apenas espécies não nativas invasoras como o lucioperca, a achigã, a carpa, incluindo quatro exemplares de peixe-gato-europeu com aproximadamente um metro.

 

“Este projeto científico e de investigação representa uma mais-valia para o nosso território, já que vem consciencializar a população para o problema das espécies invasoras e para a importância do equilíbrio ambiental, contribuindo assim para a redução do impacto negativo daquela espécie no rio e para uma melhor gestão ambiental”, destacou Luís Pereira, presidente do Município de Vila Velha de Ródão.

 

Resultante de uma parceria entre Portugal, Itália e a República Checa, que conta com cofinanciamento da União Europeia, através do programa europeu LIFE, e da autarquia rodense, o projeto LIFE PREDATOR arrancou em setembro de 2022 e visa reduzir os impactos do peixe-gato-europeu na biodiversidade, contando com uma equipa de 11 investigadores. O workshop agora realizado é uma das muitas ações previstas neste projeto, que decorre até 2027.